tag:blogger.com,1999:blog-386359952024-02-28T13:44:15.626+00:00"Abdica e sê rei de ti próprio"Blog de PoesiaDSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-13597709632633138522009-03-03T16:27:00.002+00:002009-03-03T16:29:31.922+00:00De um amor morto fica<br />Um pesado tempo quotidiano<br />Onde os gestos se esbarram<br />Ao longo do ano<br /><br />De um amor morto não fica<br />Nenhuma memória<br />O passado se rende<br />O presente o devora<br /><br />E os navios do tempo<br />Agudos e lentos<br />O levam embora<br />Pois um amor morto não deixa<br />Em nós seu retrato<br />De infinita demora<br />É apenas um facto<br />Que a eternidade ignora<br /><br /><em>Sophia de Mello Breyner</em>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14742412182798928200noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-85544347213811644982008-12-10T17:52:00.001+00:002008-12-10T17:53:25.663+00:00Soneto do amor totalAmo-te tanto, meu amor ... não cante<br />O humano coração com mais verdade ...<br />Amo-te como amigo e como amante<br />Numa sempre diversa realidade.<br /><br />Amo-te afim, de um calmo amor prestante<br />E te amo além, presente na saudade.<br />Amo-te, enfim, com grande liberdade<br />Dentro da eternidade e a cada instante.<br /><br />Amo-te como um bicho, simplesmente<br />De um amor sem mistério e sem virtude<br />Com um desejo maciço e permanente.<br /><br />E de te amar assim, muito e amiúde<br />É que um dia em teu corpo de repente<br />Hei de morrer de amar mais do que pude.<br /><br /><br /><em><strong><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></strong></em>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-80230249474093911232008-12-10T17:46:00.000+00:002008-12-10T17:48:23.907+00:00Como dizia o poeta<br />Quem já passou por essa vida e não viveu<br />Pode ser mais, mas sabe menos do que eu<br />Porque a vida só se dá pra quem se deu<br />Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu<br />Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não<br />Não há mal pior do que a descrença<br />Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão<br />Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair<br />Pra que somar se a gente pode dividir<br />Eu francamente já não quero nem saber<br />De quem não vai porque tem medo de sofrer<br />Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão<br />Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-47650909252107091412008-12-10T16:59:00.001+00:002008-12-10T17:02:25.126+00:00Eu não existo sem vocêEu sei e você sabe, já que a vida quis assim<br />Que nada nesse mundo levará você de mim<br />Eu sei e você sabe que a distância não existe<br />Que todo grande amor<br />Só é bem grande se for triste<br />Por isso, meu amor<br />Não tenha medo de sofrer<br />Que todos os caminhos<br />Me encaminham pra você<br /><br />Assim como o oceano<br />Só é belo com luar<br />Assim como a canção<br />Só tem razão se se cantar<br />Assim como uma nuvem<br />Só acontece se chover<br />Assim como o poeta<br />Só é grande se sofrer<br />Assim como viver<br />Sem ter amor não é viver<br />Não há você sem mim<br />Eu não existo sem você,<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-46300113458967514562008-12-09T20:48:00.003+00:002008-12-09T20:51:16.670+00:00Poética (I)De manhã escureço<br />De dia tardo<br />De tarde anoiteço<br />De noite ardo.<br /><br />A oeste a morte<br />Contra quem vivo<br />Do sul cativo<br />O este é o meu norte.<br /><br />Outros que contem<br />Passo por passo:<br />Eu morro ontem<br /><br />Nasço amanhã<br />Ando onde há espaço:<br />- Meu tempo é quando.<br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-16671762375588539052008-11-12T15:22:00.001+00:002008-12-09T20:55:40.482+00:00Soneto Do Maior AmorMaior amor nem mais estranho existe<br />Que o meu, que não sossega a coisa amada<br />E quando a sente alegre, fica triste<br />E se a vê descontente, dá risada.<br /><br />E que só fica em paz se lhe resiste<br />O amado coração, e que se agrada<br />Mais da eterna aventura em que persiste<br />Que de uma vida mal-aventurada.<br /><br />Louco amor meu, que quando toca, fere<br />E quando fere vibra, mas prefere<br />Ferir a fenecer – e vive a esmo<br /><br />Fiel à sua lei de cada instante<br />Desassombrado, doido, delirante<br />Numa paixão de tudo e de si mesmo.<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-45119374393625044292008-11-11T11:59:00.000+00:002008-11-11T12:00:52.728+00:00Soneto da FidelidadeDe tudo ao meu amor serei atento<br />Antes, e com tal zelo, e sempre,e tanto<br />Que mesmo em face do maior encanto<br />Dele se encante mais meu pensamento.<br /><br />Quero vivê-lo em cada vão momento<br />E em seu louvor hei de espalhar meu canto<br />E rir meu riso e derramar meu pranto<br />Ao seu pesar ou seu contentamento<br /><br />E assim, quando mais tarde me procure<br />Quem sabe a morte, angústia de quem vive<br />Quem sabe a solidão, fim de quem ama<br /><br />Eu possa me dizer do amor (que tive):<br />Que não seja imortal, posto que é chama<br />Mas que seja infinito enquanto dure.<br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Vinicius de Moraes</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-60667688965037977372008-11-11T11:49:00.002+00:002008-11-11T11:54:11.973+00:00Dia de S. MartinhoMartinho era soldado<br />Do grande Império Romano,<br />Fazia sua ronda normal<br />Mas sempre com olhar humano<br /><br />Noite de tempestade fazia<br />Martinho gelado estava,<br />Ao longe um mendigo tremia<br />Seu corpo depressa gelava.<br /><br />Martinho ao ver tal situação<br />Foi ter com o mendigo doente.<br />Surpreendente foi a sua reacção,<br />Metade da sua capa deu ao carente.<br /><br />Com frio Martinho ficou<br />Mas o seu humano coração<br />Com a medida que tomou<br />Bem merecia uma benção.<br /><br />Martinho voltava ao quartel<br />Consciente que tinha feito bem,<br />E seus olhos de mel<br />Felizes ficaram também.<br /><br />Mas, de repente, a tempestade<br />Estava rapidamente a passar.<br />Apareceu um Sol de liberdade<br />Calor Martinho passou a gozar.<br /><br />Martinho ao chegar então<br />Uma imagem de Deus viu,<br />Deus benzeu seu coração<br />E a Martinho obrigado pediu.<br /><br />Martinho ao viver tal situação<br />Deixou o exército e converteu-se.<br />Passou a ser fiel cristão<br />E a sua alma enriqueceu-se.<br /><br />Para um convento Martinho partiu<br />Em oração eternamente ficou,<br />Pelos pobres ele sempre pediu<br />Os carenciados ele muito amou.<br /><br />Todos os anos a 11 de Novembro<br />O Sol volta por Martinho,<br />Não aparece a chuva de Dezembro<br />Mas sim um clima quentinho.<br /><br />Martinho é Santo verdadeiro<br />Que protege os coitados,<br />Continua o mesmo cavaleiro<br />Que amou todos os carenciados.<br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">DSF</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-36050362442488221702008-08-24T19:54:00.000+01:002008-08-24T19:55:31.280+01:00<strong>Se tanto me dói que as coisas passem</strong><br /><strong></strong><br />Se tanto me dói que as coisas passem<br />É porque cada instante em mim foi vivo<br />Na busca de um bem definitivo<br />Em que as coisas de Amor se eternizassem<br /><br /><strong>Sophia de Mello Breyner</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-76056764766402505422008-07-17T22:50:00.002+01:002008-07-17T22:55:19.474+01:00<strong>Blocos</strong><br /><br />É isto vivemos dentro<br />De grandes blocos de gelo<br />Sem aquecermos ao menos<br />Com os dedos outros dedos<br />No fundo de nós temendo<br />Que um dia se quebre o gelo<br /><br /><strong>David Mourão-Ferreira</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-81849509702038828462008-06-19T10:13:00.001+01:002008-06-19T10:13:51.906+01:00O Livro dos Amantes IIHarmonioso vulto que em mim se dilui.<br />Tu és o poema<br />e és a origem donde ele flui.<br />Intuito de ter. Intuito de amor<br />não compreendido.<br />Fica assim amor. Fica assim intuito.<br />Prometido.<br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Natália Correia</span></span>ATGhttp://www.blogger.com/profile/07981237093405583045noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-47563696688353292892008-06-15T14:11:00.001+01:002008-06-15T14:17:12.378+01:00<strong>Sonho</strong><br /><br />Pelo sonho é que vamos,<br />Comovidos e mudos.<br />Chegamos? Não chegamos?<br />Haja ou não haja frutos,<br />Pelo sonho é que vamos.<br />Basta a fé no que temos.<br />Basta a esperança naquilo<br />Que talvez não teremos.<br />Basta que a alma demos,<br />Com a mesma alegria,<br />Ao que desconhecemos<br />E ao que é do dia a dia.<br />Chegamos? Não chegamos?<br />- Partimos. Vamos. Somos.<br /><strong></strong><br /><strong>Sebastião da Gama</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-10694381092531983392008-06-07T14:23:00.002+01:002008-06-07T14:24:28.618+01:00Vício de ti<pre>Amigos como sempre dúvidas daqui pra frente<br />sobre os seus propósitos<br />é difícil não questionar.<br />Canto do telhado para toda a gente ouvir<br />os gatos dos vizinhos gostam de assistir.<br /><br />Enquanto a musica não me acalmar<br />não vou descer, não vou enfrentar<br />o meu vício de ti não vai passar<br />e não percebo porque não esmorece<br />ao que parece o meu corpo não se esquece.<br /><br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br /><br />Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes<br />sem receios atrai-te as minhas fontes<br />por inspiração passamos onde mais ninguém passou<br />ali algures algo entre nós se revelou.<br /><br />Enquanto a música não me acalmar<br />não vou descer, não vou enfrentar<br />o meu vício de ti não vai passar<br />e não percebo porque não esmorece<br />será melhor deixar andar?<br /><br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br />Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício de ti<br /><br />Eu canto a sós pra cidade ouvir<br />e entre nós há promessas por cumprir<br />mas sei que nada vai mudar<br />o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...<span style="font-family: mon;"><span style="font-style: italic;"><span style="font-weight: bold;"><br /><br /></span></span></span><span><span><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Mesa</span></span></span></span></pre>ATGhttp://www.blogger.com/profile/07981237093405583045noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-17144331035575515752008-06-05T17:18:00.002+01:002008-06-05T17:22:08.956+01:00Já Bocage não sou!... À cova escura<br />Meu estro vai parar desfeito em vento...<br />Eu aos céus ultrajei! O meu tormento<br />Leve me torne sempre a terra dura.<br /><br />Conheço agora já quão vã figura<br />Em prosa e verso fez meu louco intento.<br />Musa!... Tivera algum merecimento,<br />Se um raio da razão seguisse, pura!<br /><br />Eu me arrependo; a língua quase fria<br />Brade em alto pregão à mocidade,<br />Que atrás do som fantástico corria:<br /><br />Outro Aretino fui... A santidade<br />Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,<br />Rasga meus versos, crê na eternidade!<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">Bocage</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-73597878753152152832008-06-05T16:18:00.001+01:002008-06-05T16:21:15.298+01:00A minha alma partiu-se como<br />um vaso vazio<br />Caiu pela escada excessivamente abaixo<br />Caiu das mãos da criada, descuidada caiu,<br />e eu fiz-me em mais pedaços que a loiça que havia no vaso.<br /><br />Fiz barulho na queda<br />como um vaso que se partia<br />E os deuses que há<br />debruçam-se da escada para ver o que a criada fez de mim<br />Não se zanguem com ela.<br />São tolerantes com ela.<br />Asneira? Impossível? Sei lá!<br />Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.<br /><br />A minha alma partiu-se<br />como um vaso vazio<br />Caiu pela escada excessivamente abaixo<br /><br />E os deuses que há<br />debruçam-se da escada e sorriem à criada<br />Não se zanguem com ela.<br />São tolerantes.<br /><br />A minha alma partiu-se<br />como um vaso vazio caiu,<br />partiu-se, caiu<br />O que era eu - um vaso vazio?<br /><br />Alastra a escadaria atapetada de estrelas<br />Ao fundo um caco brilha entre os astros<br />A minha obra? A minha alma principal?A minha vida?<br />E os deuses olham-na por não saber por que ficou ali...<br /><br />Álvaro de CamposAnonymoushttp://www.blogger.com/profile/14742412182798928200noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-29107344978169885552008-05-11T11:15:00.003+01:002008-05-11T11:25:11.605+01:00<strong>Sinal de Ti III </strong><br /><strong></strong><br />A presença dos céus não é a Tua,<br />Embora o vento venha não sei donde.<br />Os oceanos não dizem que os criaste,<br />Nem deixas o Teu rasto nos caminhos.<br />Só o olhar daqueles que escolheste<br />Nos dá o Teu sinal entre os fantasmas.<br /><br /><strong>Sophia de Mello Breyner</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-59521436911150591232008-05-06T01:08:00.001+01:002008-05-06T01:11:00.422+01:00PoemaEm todas as ruas te encontro<br />em todas as ruas te perco<br />conheço tão bem o teu corpo<br />sonhei tanto a tua figura<br />que é de olhos fechados que eu ando<br />a limitar a tua altura<br />e bebo a água e sorvo o ar<br />que te atravessou a cintura<br />tanto tão perto tão real<br />que o meu corpo se transfigura<br />e toca o seu próprio elemento<br />num corpo que já não é seu<br />num rio que desapareceu<br />onde um braço teu me procura<br /><br />Em todas as ruas te encontro<br />em todas as ruas te perco<br /><br /><br /><strong><em>Mário Cesariny</em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-22979491427687249322008-05-04T15:57:00.002+01:002008-05-04T16:08:04.811+01:00<strong>Pequeno Poema</strong><br /><br />Quando eu nasci,<br />Ficou tudo como estava.<br />Nem homens cortaram veias,<br />Nem o Sol escureceu,<br />Nem houve Estrelas a mais...<br />Somente,<br />Esquecida das dores,<br />A minha Mãe sorriu e agradeceu.<br />Quando eu nasci,<br />Não houve nada de novo<br />Senão eu.<br />As nuvens não se espantaram,<br />Não enlouqueceu ninguém...<br />Pra que o dia fosse enorme,<br />Bastava<br />Toda a ternura que olhava<br />Nos olhos de minha Mãe...<br /><br /><strong>Sebastião da Gama</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-61205245128197334402008-05-03T08:56:00.001+01:002008-05-03T08:56:41.559+01:00Soneto da Separação<div style="text-align: left; color: rgb(255, 255, 255);"> De repente do riso fez-se o pranto<br /> Silencioso e branco como a bruma<br /> E das bocas unidas fez-se a espuma<br /> E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br /><br />De repente da calma fez-se o vento<br /> Que dos olhos desfez a última chama<br /> E da paixão fez-se o pressentimento<br /> E do momento imóvel fez-se o drama.<br /></div><div style="text-align: left; color: rgb(255, 255, 255);"> </div><p style="line-height: 110%; margin-top: 4px; margin-bottom: 4px; text-align: left; color: rgb(255, 255, 255);"><br /> De repente, não mais que de repente<br /> Fez-se de triste o que se fez amante<br /> E de sozinho o que se fez contente.<br /></p> <br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);"> Fez-se do amigo próximo o distante</span><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);"> Fez-se da vida uma aventura errante</span><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255);"> De repente, não mais que de repente.</span><br /><br /><br /><span style="color: rgb(255, 255, 255); font-size: 85%;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;">Autor: </span><span style="font-style: italic;">Vinicius de Morais</span></span>ATGhttp://www.blogger.com/profile/07981237093405583045noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-72081522381658093372008-04-20T22:23:00.002+01:002008-04-20T22:27:25.961+01:00<strong>Amigo</strong><br /><br />Mal nos conhecemos<br />Inauguramos a palavra amigo!<br />Amigo é um sorriso<br />De boca em boca,<br />Um olhar bem limpo<br />Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.<br />Um coração pronto a pulsar<br />Na nossa mão!<br />Amigo (recordam-se, vocês aí,<br />Escrupulosos detritos?)<br />Amigo é o contrário de inimigo!<br />Amigo é o erro corrigido,<br />Não o erro perseguido, explorado.<br />É a verdade partilhada, praticada.<br />Amigo é a solidão derrotada!<br />Amigo é uma grande tarefa,<br />Um trabalho sem fim,<br />Um espaço útil, um tempo fértil,<br />Amigo vai ser, é já uma grande festa!<br /><br /><strong>Alexandre O'Neill</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-58709594644955934642008-04-11T21:29:00.001+01:002008-04-11T21:31:06.111+01:00<strong>Espero</strong><br /><br />Espero sempre por ti o dia inteiro,<br />Quando na praia sobe, de cinza e oiro,<br />O nevoeiro<br />E há em todas as coisas o agoiro<br />De uma fantástica vinda.<br /><br /><strong>Sophia de Mello Breyner</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-45970743843645320232008-04-01T18:17:00.002+01:002008-04-01T18:20:01.163+01:00<strong>Sossega, coração! Não desesperes!</strong><br /><br />Sossega, coração! Não desesperes!<br />Talvez um dia, para além dos dias,<br />Encontres o que queres porque o queres.<br />Então, livre de falsas nostalgias,<br />Atingirás a perfeição de seres.<br /><br />Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!<br />Pobre esperença a de existir somente!<br />Como quem passa a mão pelo cabelo<br />E em si mesmo se sente diferente,<br />Como faz mal ao sonho o concebê-lo!<br /><br />Sossega, coração, contudo! Dorme!<br />O sossego não quer razão nem causa.<br />Quer só a noite plácida e enorme,<br />A grande, universal, solente pausa<br />Antes que tudo em tudo se transforme.<br /><br /><strong>Fernando Pessoa, 2-8-1933.</strong>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-64710693395536419402008-03-15T12:47:00.001+00:002008-03-15T12:51:32.683+00:00A descontroladoraEsse teu sorriso mata-me!<br />Esse teu jeito sedutor<br />Descontrola-me todo!<br />Quem és tu, doce tentação?<br />Quem és tu, ser que me<br />Dirige para a loucura<br />E me transfigura?<br /><br />Não há ninguém como tu<br />És uma invenção do Divino<br />Para encaixar no meu coração<br />Para o acalmar e excitar todo<br />Com um só gesto, com um só olhar<br /><br />Quero-te todos os minutos<br />Quero-te de todos os modos<br />Desejo-te em todas as situações<br />Sem ti<br />Não sou metade do que posso ser.<br /><br />Amo-te.<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">DSF</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-size:85%;">2007</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-70730599364253072222008-03-11T23:07:00.000+00:002008-03-11T23:08:33.065+00:00És a miúda dos meus sonhos,<br />Sonho contigo de noite e de dia.<br />Quando penso<br />Que tu és a minha vida<br />O meu coração transborda de emoção<br />Serei eu a tua vida?<br />Não o sei, mas<br />Sei que apesar de por vezes<br />Estares longe, estás sempre<br />Presente no meu coração.<br />Será que morres de saudade?<br />Não aguentas um fim-de-semana<br />Sem me ver?<br />Não o sei.<br />De ti habituei-me<br />A esperar de tudo<br />E de ti habituei-me<br />A não esperar muito.<br />Apenas sei que o teu amor<br />Fulmina-me como um raio<br />Que ilumina todo o Universo.<br />Amo-te eternamente,<br />Pedaço de Paraíso.<br />Escrevi tudo isto<br />Só para dizer que te amo,<br />Meu amor!…<br /><br /><br /><strong><em><span style="font-size:78%;">DSF</span></em></strong><br /><strong><em><span style="font-size:78%;">2000</span></em></strong>DSFhttp://www.blogger.com/profile/13456603266447169702noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38635995.post-9890624653748193852008-03-01T19:24:00.002+00:002008-03-01T19:30:31.174+00:00<strong><span style="font-family:arial;">Poema do coração</span></strong><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;">Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,</span><br /><span style="font-family:arial;">E também a Bondade,</span><br /><span style="font-family:arial;">E a Sinceridade,e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração</span><br /><span style="font-family:arial;">Então poderia dizer-vos:</span><br /><span style="font-family:arial;">"Meus amados irmãos,</span><br /><span style="font-family:arial;">Falo-vos do coração",</span><br /><span style="font-family:arial;">Ou então:</span><br /><span style="font-family:arial;">"Com o coração nas mãos".</span><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;">Mas o meu coração é como o dos compêndios</span><br /><span style="font-family:arial;">Tem duas válvulas ( a tricúspide e a mitral)</span><br /><span style="font-family:arial;">E os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).</span><br /><span style="font-family:arial;">O sangue a circular contrai-os e distende-os</span><br /><span style="font-family:arial;">Segundo a obrigação das leis dos movimentos.</span><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;">Por vezes acontece</span><br /><span style="font-family:arial;">Ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados</span><br /><span style="font-family:arial;">E uma lâmina baça e agreste, que endurece</span><br /><span style="font-family:arial;">A luz nos olhos em bisel cortados.</span><br /><span style="font-family:arial;">Parece então que o coração estremece.</span><br /><span style="font-family:arial;">Mas não.</span><br /><span style="font-family:arial;">Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,</span><br /><span style="font-family:arial;">Que esse vento que sopra e ateia os incêndios,</span><br /><span style="font-family:arial;">É coisa do simpático.</span><br /><span style="font-family:arial;">Vem tudo nos compêndios.</span><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;">Então meninos!</span><br /><span style="font-family:arial;">Vamos à lição!</span><br /><span style="font-family:arial;">Em quantas partes se divide o coração?</span><br /><span style="font-family:arial;"></span><br /><span style="font-family:arial;"><strong>António Gedeão</strong></span>Aninhashttp://www.blogger.com/profile/12441336617454520141noreply@blogger.com0